O que é pastoral?

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Pastoral, movimento e serviço

Pastoral é toda atividade indispensável para que a Igreja cumpra sua finalidade; remete aos Sacramentos e é vinculada ao bispo. Movimento não é atividade indispensável para que a Igreja cumpra sua finalidade; no entanto, todo movimento fundamentado e fielmente realizado é parceiro de valor inestimável à Igreja.

Pastoral e movimento podem ser serviço. Por exemplo, seus membros reúnem-se regularmente para pregar, estudar, cantar e orar por si e para que moradores de rua tenham pelo menos o que comer e para que os políticos sejam honestos, mas, não vão ao encontro deles; se vão ao encontro, com ações para ao menos dar aos famintos uma refeição com alguma regularidade, acompanhada de calor humano, e aprendem o que fazem ou deveriam fazer os políticos detentores de mandato eletivo, os fiscalizando permanentemente, é também serviço. São modos convergentes e complementares de se tentar alcançar os mesmos digníssimos propósitos, desde que um e outro modo não sejam usados para disfarçar omissões, alienações e nem para a satisfação infame de interesseiros: além da consciência de cada pessoa, “Quem tem que saber, sabe” (Antonio de Souza Netto, advogado e catequista)!

Contribui para que pessoas conservem dúvidas quanto ao que são pastorais e movimentos o fato de que eventualmente se deparam com atividades nominadas diversamente: isto nem sempre acontece por falta de (in)formação e sim por compreensões com sutis distinções. Uma pequena margem para tais divergências é tolerável. Siga os procedimentos e nomenclaturas adotados pela sua paróquia e (arqui)diocese; participe, aprenda e contribua para a melhoria também da compreensão geral, o que pode incluir eventual ajuste para nominar melhor ou corretamente alguma atividade. “Paróquia é lugar de salvação e esta só se poderá conseguir em comunidade. Ser salvo é ser realizado e isto só se consegue no serviço ao próximo. No serviço abnegado ao próximo: sem segundas intenções, sem farsas, sem vaidades etc” (José Carlos de Oliveira –“O que é Paróquia?”, abril/2016).

Pastoral

“A finalidade da Igreja Católica é evangelizar, ou seja, difundir os ensinamentos deixados por Jesus nos Evangelhos e nos Livros Sagrados.  Para que a Igreja possa fazer essa divulgação do Santo Evangelho precisa ter um plano organizado, um projeto de evangelização que é distribuído a vários grupos em diferentes áreas. Essas áreas são chamadas pastorais. E as pessoas que trabalham nessas pastorais são chamadas agentes pastorais ou agentes de pastoral.  Todos os membros das pastorais são voluntários. E não é preciso ser católico para participar, já que as pastorais são ecumênicas” (da diocese de Taubaté SP): conforme orientação e apoio de bispo, pároco, coordenador. O ecumenismo e o diálogo inter-religioso são atitudes típicas e inseparáveis do verdadeiro cristão.

“Pastoral vem de pastor. Por isso é importante destacar que ‘fazer’ pastoral é fazer o que Jesus fez. É continuar Sua missão. É por meio das pastorais e do conjunto de suas atividades que a Igreja realiza a sua tríplice missão: profética, sacerdotal e testemunhal.  De uma forma mais simples podemos também definir a pastoral como ‘os braços’ do pastor.  Não seria possível a cada sacerdote, a cada pastor, realizar todas as atividades necessárias para a Igreja cumprir sua tríplice missão, por isso a Igreja utiliza-se dos serviços dos leigos, para, como ‘braços’ dos pastores, ajudar a Igreja” (Ângela Rocha – Catequistas em Ação).

Pastoral é organizada e administrada pela (arqui)diocese e pela paróquia e tem o propósito de atender um assunto: pastoral da pessoa idosa, da criança, carcerária, da liturgia, da pessoa com deficiência, da sobriedade, da catequese (iniciação cristã), juventude, comunicação, dízimo e várias outras.

Todas as pastorais têm coordenadores (arqui)diocesanos, pessoas que devem ser preparadas e adequadas, estar em constante processo de formação e oração, para que liderem, promovam a formação e integração dos agentes pastorais das paróquias e suas comunidades. “O líder tem convicção da impossibilidade da unanimidade; no entanto, tira da diversidade de opiniões e talentos a unidade que junta os interesses individuais, na sua essência, num propósito maior – o bem comum. E tem ‘lastro’ para arcar com insatisfações e interesses nem sempre plausíveis” (José Carlos de Oliveira – “Aquele que serve”, junho/2004).

Ora, se toda a ação da Igreja fundamentada na missão de Jesus, que consiste na edificação do Reino de Deus, é uma pastoral; se a pastoral se propõe a inserir a Boa Nova no seio da sociedade, por intermédio de testemunho pleno e constante, refletindo e atualizando o testemunho do próprio Jesus, o bom Pastor (Jo 10, 9-11), então, na mente e no coração do agente pastoral deve residir a convicção libertadora, compromissada e exigente: o que sente, pensa, fala e faz é tudo em nome de Jesus e à Sua imagem (caráter)!…

Movimento

Movimentos em geral nascem à parte do contexto paroquial e diocesano, mais ligados à vida pessoal dos fundadores e adeptos, visando à vivência da fé nos seus variados aspectos, a partir do carisma que os caracterizam. O objetivo é a ênfase à oração, comunhão, missão, apostolado, com atividades a proporcionar assistência religiosa, formativa ou social para pessoas, famílias e grupos, criados conforme necessidades da época, do lugar e da coletividade a atender. Promovem o encontro com Deus, no fortalecimento espiritual e emocional, por intermédio da acolhida, da partilha, da fraternidade, da misericórdia…

Têm seus documentos, estatutos e normas estabelecidos em convergência com o Magistério da Igreja. É usual que tenham assessoria do clero. Todos os movimentos da Igreja Católica só o são porque autorizados, apoiados e orientados por ela; ajudam-na a propagar a Boa Nova. Um movimento pode envolver ou interagir com várias pastorais ao mesmo tempo. Pode ser lugar para acolher e desfrutar da devoção popular, mas, deve purgar as crendices e superstições de seus membros, conforme vão recebendo a necessária fundamentação. Suas celebrações e outras atividades não são estanques ou fechadas em si mesmas, tampouco concorrem em importância e em interesse com a Santa Missa: devem, sim, conduzir a ela e a toda a vida litúrgica da paróquia e da Igreja.

Tem movimento que é grupo e atividade não nascido e não ligado inicialmente a Igreja e à religião. Nasce duma experiência forte e comum a várias pessoas: um encontro, curso, pleito ou demanda coletiva, uma situação ou acontecimento marcante em suas vidas e que as aproximou e uniu. Sendo plenamente ético e viável em prol da sociedade, mesmo não sendo chamado de católico, tem catolicidade. Razão pela qual a Igreja habitualmente empresta seu espaço físico e é parceira destes movimentos.

Alguns movimentos: RCC (Renovação Carismática Católica), Apostolado da Oração, Legião de Maria, Focolares, Congregação Mariana, Movimento de Irmãos, de Schoenstatt, Oficinas de Oração e Vida, Capelinhas, Fé e Cidadania e ECC (Encontro de Casais com Cristo) – este, por exemplo, em seu estatuto (“Documento Nacional”), nomina-se serviço.

Desde sempre, desde Cristo, para todos!

Oportunidade incomparável: ser da Igreja desde sempre definida por Deus, desde Cristo estabelecida na Terra, católica (que significa universal, para todos). “Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco – como seus antecessores – compartilham uma visão de cristianismo, a despeito das particularidades de cada um. Todos eles concordam que o cerne da Igreja é a relação com Cristo. Ela é uma instituição religiosa, que se legitima por seu caráter místico, de relação com o transcendente. Pode parecer óbvio, até para um observador ateu, mas não foram poucos os que, no período pós-conciliar, imaginaram que, diante da secularização, a Igreja se legitimaria por seu papel de agente indutor de transformação social e não por seu caráter místico. Além disso, valorizam a continuidade da doutrina católica. O Concílio não traz, segundo eles, uma ruptura com o ‘velho’ catolicismo, e sim um aprofundamento da experiência cristã, purificada dos aspectos circunstanciais determinados pela história e fortalecida a partir das suas raízes” (Francisco Borba Ribeiro Neto – coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC SP – “O poder do papa que não quis o poder”, fevereiro/2018).

Clero e laicato, clérigos e leigos, do fiel mais simplório e anônimo até o papa, somos todos igualados pelo Sacramento do Batismo: cada qual no seu ministério, funções, realidade e possibilidades, harmoniosos, edificando-se em comunidade. Urge que mais cristãos realmente entendam e se compromissem com o Sacramento do Batismo como prioridade e necessidade pastoral, no que muito podem ajudar os movimentos.

Ser cristão é assumir a cruz e, ao carregá-la, espinhos machucam: erros, divergências, dúvidas, derrotas e tentações dão vontade de largá-la. Espinhos podem fazer esmorecer e afastar, e podem fortalecer e aproximar. Só se está no Caminho com a cruz, que parece ser um peso ou fardo, mas é suporte. Cruz tem ocasiões de tristeza e dor, mas é plena de alegria e amor: o agente pastoral e o partícipe de movimento, quanto mais se entregue e compromisse, mais perceberá esta maravilha na sua vida e ajudará a proporcionar o mesmo a outras pessoas.

Aceitamos e ajudamos a edificar o Reino de Deus, por intermédio do exemplo e ensinamento de Jesus, com ajuda do Espírito Santo. A primeira a fazer isto foi Nossa Senhora: primeira cristã, primeira comungante, primeiro sacrário. Deus quis precisar do seu sim e ela o disse: humanamente deve ter tido dificuldades, mas, jamais recuou, nem quando sofreu ao pé da cruz; divinamente, primeiro e mais que demais santos, “viveu conforme a vontade de Deus, sendo um modelo de vida para todos”. Deus continua querendo precisar de cada um de nós: serenamente cientes que “sem a mediação única de Cristo nenhuma outra tem poder”, para vivenciarmos as dificuldades inseparáveis da natureza humana, as dos outros e as nossas, nos aconcheguemos no colo e no exemplo mariano a nos nortear como agentes pastorais e partícipes de movimentos.

Você ainda não participa de pastoral ou movimento? Porta aberta é essência da Igreja para todos: “a decisão é tua” e muita gente ora, age e torce para que você, além de eventual beneficiário, decida caminhar porta adentro para cada vez mais ser Igreja!

“Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (1Cor 12, 4-7).

José Carlos de Oliveira, editor do ISJ – radioplena.com.br – josecarlosdeoliveira.com.br

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